O contexto histórico pós-moderno caracteriza-se por profundos desenvolvimentos e transformações que acontecem nos vários setores da sociedade brasileira: no campo tecnológico, na produção econômica, na cultura, nas formas de sociabilidade, na vida política, na vida cotidiana, etc. Situada nesse contexto encontra-se a catequese, no seu papel fundamental de educação da fé. Para se adequar a esta nova realidade, necessita de novos conceitos, novas linguagens, novas categorias que possibilitem aos nossos catecúmenos e/ou catequizandos a compreensão da fé no cotidiano da vida.
O mundo pós-moderno é definido por vários autores como a época das incertezas, das fragmentações, da troca de valores, do vazio, do imediatismo, da substituição da ética pela estética. Nele, o homem se vê totalmente voltado para o momento presente, para a entrega ao prazer, para o consumismo e o individualismo. As pessoas não mais se identificam como classe, mas sim, através de pequenos grupos. A preocupação maior é consigo mesmo: reconhecimento pessoal e admiração. Para isto muitos acabam passando por cima de valores fundamentais.
No aspecto religioso, percebe-se uma migração de adeptos das religiões antigas para pequenos movimentos religiosos; uma passagem de credos coletivos para os mais personalizados como meditações, zen-budismo, yoga, esoterismo e astrologia. A busca de espiritualidade se encontra mais centrada nas pessoas e não na instituição. A experiência de fé é construída a partir dos interesses pessoais. É o desafio da diversidade de expressões religiosas e pluralismo de culturas.
Nesse ambiente, somos desafiados a dar as razões da nossa fé, num país onde é grande o número de pessoas que sofrem exclusão, miséria e fome, falta de moradia, saúde, oportunidades de trabalhos e falta de segurança.
Desafios para a Evangelização
Esses desafios devem nos impulsionar para o diálogo com os sistemas culturais, onde encontramos os impactos das tendências do mundo contemporâneo sobre os jovens; a centralidade das emoções e relativização dos valores e das tradições; problemas de ordem ética, cultural e religiosa e tantos outros.
Para tanto, o que podemos fazer?
Leitura dos sinais dos tempos: acompanhar as mudanças culturais e de comportamentos promovidos pela mídia, eis a desafiante tarefa da catequese! Sua atuação se faz necessária para, com a força do Espírito Santo, ser instrumento eficaz de transformação pessoal e comunitária.

Na formação catequética não há mais destinatários, mas interlocutores que dialogam, fazem a comunicação acontecer, pois esta só começa quando o outro responde. Nesse sentido, somos interpelados a um novo jeito de evangelizar: confrontar a fé com a realidade, numa interligação fé e vida; colocar-se no seguimento de Jesus, crendo que Ele é o Cristo, o Messias, o Enviado, o Filho de Deus; retornar às fontes em busca do fundamento- Jesus Cristo.
Na vivência da fé, a catequese é a verdadeira arte de se descobrir. Ela ajuda as pessoas a ir se descobrindo, se colocando no cotidiano da experiência do amor. Ao se abrir, na fé, para a mensagem que a catequese oferece, as pessoas são levadas a fazer sua fé interagir com a prática cristã, a se comprometer, a engajar-se nos trabalhos pastorais.
Convidados a ser discípulos missionários de Jesus Cristo, o grande desafio para a evangelização é a Igreja desenvolver uma pedagogia que conquiste todas as pessoas e as envolva no processo de amadurecimento na fé, de valorização do sentido da vida sacramental, da participação comunitária e da dimensão social da fé; e ao despertar da consciência missionária de serem sal e fermento no mundo, na construção de uma sociedade justa e solidária.
Em especial, aos jovens, que a Igreja os ajude a escutar a voz de Cristo em meio a tantas outras vozes; ajude-os a perceber que muitas das incertezas que vivemos provêm de dentro de nós mesmos. Revisitando-as, a cada instante, possamos acreditar e transformar o que é possível dentro e fora de nós, tornando melhores os instantes que a vida nos proporciona.
Neuza Silveira de Souza
Comissão Bíblico-Catequética da Arquidiocese de Belo Horizonte-MG
01.06.2012
Fonte: Catequese Hoje
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